Nódoa: o novo espaço cool da cidade recebe jantares, ioga e workshops criativos

No centro do Porto há uma nova mancha criativa a espalhar-se. Chama-se Nódoa, nasceu das ideias de três amigos — Carolina Costa (27), Tiago Sousa (30) e Diogo Gomes (28) — e quer ser mais do que um simples espaço físico. “Uma nódoa é algo que marca, que fica, que não tem forma definida. O nome reflete bem o espírito do espaço: criativo, em constante evolução, sem barreiras. Queremos que o Nódoa seja essa mancha positiva que se espalha, que transforma e deixa memória”, explicam.

A história começou de forma simples, mas carregada de intenções. Carolina, com formação na área da saúde, lançou o desafio à MesaOito, a consultora gastronómica que Tiago e Diogo tinham criado dois anos antes. A ideia era encontrar um lugar que pudesse servir como laboratório, palco e casa. Um espaço onde testar pratos e menus, mas também receber pessoas, experimentar conceitos, juntar projetos distintos e, acima de tudo, criar comunidade. “No geral, todos queríamos um espaço que fosse ao mesmo tempo laboratório, casa e palco: onde pudéssemos experimentar, receber, testar ideias e juntar pessoas. Não havia (nem há) um plano rígido, mas sim a vontade de criar um lugar aberto, vivo e flexível.”

Do ponto de vista gastronómico, o Nódoa nasce com a vantagem de ter a MesaOito como parceira. Esta consultora tem vindo a apoiar diferentes negócios de restauração em Portugal e assume aqui também a missão de dar suporte criativo e prático ao projeto. “Que portugueses seríamos nós se não juntássemos comida e bebida a qualquer evento?”, brincam os fundadores. Mas a verdade é que, mais do que um espaço dedicado apenas à comida, o Nódoa assume-se como um cruzamento de linguagens. Tanto pode receber uma aula de ioga seguida de um pequeno-almoço saudável como, no dia seguinte, transformar-se num arraial com uma cabidela de tacho ao centro da mesa.

“Mais do que o espaço físico em si, queremos que o Nódoa seja um veículo. É claro que a nossa ligação ao mundo da comida pode ser um fio condutor, mas queremos ter a liberdade de programar sem rótulos complicados, aditivos e aromas artificiais”, sublinham. Por isso, aqui tanto cabe um workshop de ponto de cruz como um jantar temático italiano, uma prova de fermentados ou uma conversa intimista entre artistas. Essa versatilidade, garantem, é o que mais os entusiasma.

O espaço já recebe eventos organizados pelo trio fundador, como foi o caso do workshop de alimentação e saúde dirigido por Carolina no passado domingo, 29 de setembro. Esta primeira experiência juntou várias pessoas à volta de uma mesa para refletir sobre bem-estar, mostrar receitas e criar momentos de partilha. A programação pode variar entre encontros gratuitos ou pagos, com valores de inscrição entre os 10€ e os 50€, consoante o tipo de workshop.

No entanto, o Nódoa não se destina apenas aos fundadores. Está igualmente disponível para portuenses, empresas ou marcas que queiram criar os seus próprios momentos. Desde pop-ups com produtos locais a jantares temáticos, passando por aulas de ioga, workshops de arroz de cabidela ou até provas de vinho, tudo é possível.

Para reservar o espaço basta preencher um formulário online indicando o tipo de evento, duração, número de participantes e se há extras necessários como coffee break, almoço ou jantar. A equipa entra depois em contacto com uma proposta de orçamento, que varia consoante a dimensão e a natureza do evento, ajudando a afinar os restantes passos.

O público-alvo é, por isso, vasto e heterogéneo. O espaço pode ser alugado tal como está, mas também é possível contar com a curadoria da equipa para dar forma a ideias e eventos. “Queremos aqui todos os que sintam vontade de criar, experimentar e partilhar, desde artistas, empreendedores, marcas locais, curiosos ou simplesmente amigos que queiram um espaço diferente para se juntar. O Nódoa é para quem acredita que a comida e a cultura são bons pretextos para ligar pessoas.”

Os primeiros visitantes deixaram elogios não só ao conceito, mas também ao lado mais humano do projeto. “Além dos elogios aos nossos dotes de bricolage”, dizem entre risos, “o mais importante é que percebem o potencial do espaço. É isso que mais nos interessa: que vejam o Nódoa como um veículo para as suas próprias ideias.”

Ainda no arranque, os fundadores já preparam os primeiros eventos oficiais que vão dar vida à casa. As parcerias estão a ser trabalhadas e prometem estrear o espaço com energia. O objetivo, a curto prazo, é chegar a uma programação mensal que permita ao público organizar-se e regressar com regularidade. Mas mais do que uma agenda rígida, o que se procura é movimento e autenticidade.

A longo prazo, os criadores não querem condicionar o futuro. O Nódoa foi pensado como algo orgânico, que vai crescer com quem o usar, além de Carolina, Tiago e Diogo. “O espaço terá vida própria, além dos seus ‘curadores’ originais, e, por isso, nenhum de nós sabe ou quer condicionar onde estará daqui a um, três ou cinco anos. Mas queremos que seja um espaço onde nasceram projetos, se testaram ideias e se criaram memórias. Um sítio onde cada pessoa que passou levou consigo algo — seja inspiração, conhecimento ou apenas uma boa noite de convívio — como ‘Nódoa’.”

Definido pelos próprios como autêntico, criativo e livre, este novo espaço quer afirmar-se como uma nódoa difícil de apagar no panorama cultural e gastronómico do Porto. Se depender da energia dos seus fundadores e da comunidade que os rodeia, a marca já começou a ficar.

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