A Casa Moinho da Mouta fica escondida na aldeia de Saborosa, em Vila Real, e nasceu com único objetivo: receber hóspedes que se querem desligar da rotina e da confusão da cidade, para se conectarem com a natureza.
O alojamento pertence a Manuela Lavinas, de 60 anos. Foi desde sempre “o projeto dos seus sonhos” — ao qual se agarrou numa fase mais avançada da sua vida, depois de decidir “encontrar-se com ela própria e com a natureza”. Com 20 e poucos anos emigrou com o companheiro, Artur Fernandes, de 61, para o Luxemburgo. Uma década depois, decidiram voltar à sua aldeia natal, em Saborosa, pra abrirem a Padaria Fernandes & Fernandes, em sociedade com a irmã e o cunhado de Artur.
A panificadora nasceu mesmo por baixo da atual moradia do casal, com apenas quatro funcionários. Volvidos quase 30 anos, já somam mais de 50 empregados, têm uma fábrica que produz pão e bolos, abastecem cinco lojas de venda ao público com serviço à mesa e possuem ainda oito carrinhas que diariamente percorrem várias aldeias dos concelhos para distribuir as encomendas.
Há 11 anos, o casal adquiriu e recuperou um moinho de água que não foi utilizado durante 20 anos. Por lá, moíam o milho diariamente para abastecer a fábrica, onde também fazem broas de milho. “Nas duas mós de granito tradicionais e a quem a água dá força para rodar, chegámos a moer 500 quilos de farinha em 24 horas”, recorda Manuela. “A dada altura reparámos que dava muito trabalho virmos até ao moinho, moer o milho e levar a farinha à fábrica. Acabámos por aumentar o negócio e construímos um moinho mais próximo da fábrica. Este moinho deixou de ser utilizado”, explica.
Em 2019, Manuela recebeu um diagnóstico de cancro da mama. Esta espécie de wake up call mudou por completo a sua vida. “Apercebi-me que passei muitos anos a viver os sonhos do meu marido e não os meus. O cancro da mama foi uma chamada de atenção. Estava na hora de fazer aquilo que eu queria”, admite.
Construir um autêntico refúgio no meio da natureza era o objetivo desta empresária que acabou por requalificar toda a zona exterior do moinho e construir cinco apartamentos, de tipologia T1 e T2, equipados com cozinha e lareira. “Este é um espaço que está em permanente evolução. De ano para ano tentamos enriquecer a nossa oferta. Em 2020, requalificámos outra parte da zona exterior e construímos uma piscina e um parque infantil com escorrega, baloiço, trampolim e casinhas de brincar, por exemplo. Vou fazendo as mudanças que sejam necessárias, muitas vezes sem o meu marido saber, só fica a saber depois de estar feito”, conta.
Em 2021, Manuela construiu uma escadaria que comunica a zona dos apartamentos a um pequeno cantinho ao ar livre, onde no verão são feitas massagens relaxantes. Dois anos depois, continuou com o processo de expansão e construiu mais uma casa a partir de um dos antigos moinhos. Neste caso, a moradia tem o Rio Pinhão a correr por baixo. Tornou-se numa das favoritas dos hóspedes, e para a responsável, “a mais romântica”.
Os meses de verão são de lotação completa. Segundo conta a fundadora, muitas estadias são “fechadas de ano para ano”. “Ainda agora, em maio, já fechei uma reserva de três semanas para agosto”, conta à NiP.
Nos meses mais frios a procura é menor, e foi isso que levou à Manuela a criar um ofurô de estilo nórdico aquecido a lenha para atrair novos visitantes.
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Ofurô é um termo japonês que significa banheira. Na prática é um tipo de banheira mais funda e circular, que permite ficar submerso até aos ombros. Este tipo de banhos de imersão são típicos no Japão, apesar de já terem ganhado alguma fama em países do norte da Europa. Para Manuela, trata-se de uma estratégia para completar a oferta do alojamento nos meses com menor procura.
A água no ofurô ronda os 40 graus e ajuda a promover um relaxamento profundo, diminui o stress, bem como o cansaço físico e mental. O ofurô situa-se por baixo dos cinco principais apartamentos do alojamento, tem vista para o rio e com o chilrear dos pássaros e o murmúrio do rio e da natureza, torna-se no espaço perfeito para um retiro de descanso e bem-estar.
Manuela admite ainda que este verão vai diversificar a oferta do espaço com a construção de um salão onde será possível organizar “pequenos eventos” como cerimónias, aulas de ioga, conferências ou workshops de alimentação saudável e consciente. Em 2026, promete criar um “passadiço com acesso direto ao açude do moinho”.
Segundo a responsável, a adesão dos hóspedes tem sido “muito gratificante”. A esmagadora maioria das reservas fica alocada ao mercado nacional, mas verifica-se uma “procura significativa” de cidadãos internacionais, com destaque para países como Espanha, França, Polónia, Canadá, Estados Unidos da América, Brasil, Austrália e Coreia do Sul.
“É engraçado que pessoas que se encontram a milhares de quilómetros daqui conseguem encontrar-nos, e pessoas que vivem a cinco quilómetros do nosso alojamento nem dão conta que cá estamos. Mas o importante para mim é chegarmos às pessoas certas, aquelas que de facto vão tirar proveito deste refúgio, que querem esquecer a rotina por uns dias e verdadeiramente descansar”, conta.
Todos os dias, ao acordar, os hóspedes da Casa Moinho da Mouta são surpreendidos com pão fresco à porta, proveniente diretamente da fábrica de panificação do casal. Além disso, têm um frigorífico recheado com charcutaria, fruta, leite, sumo, marmeladas, entre outros alimentos.
Como os apartamentos estão equipados, pode cozinhar por lá as suas refeições. O alojamento dispõe ainda de churrasqueiras para fazer churrascos ao ar livre. Mas se quiser ir a um restaurante, saiba que Artur, o companheiro de Manuela, tem um hotel com pouco mais de 30 quartos numa das entradas de Vila Real, o Burralha Guest House, com restaurante de comida tradicional portuguesa, onde os hóspedes têm direito a 10 por cento de desconto numa refeição.
O preço médio por noite varia entre os 120 e os 240 euros, mediante a tipologia e localização das casas. As reservas podem ser feitas online ou diretamente com Manuela através do contacto 968 815 372.
Como lá chegar
Do Porto, siga pela A20/IC23. 1,8 quilómetros depois siga pela A4 para a N15 em Vila Real e tome a saída 26 na A4. Mantenha-se na estrada por cerca de 100 quilómetros. Depois, deverá tomar a saída N15 e continuar por lá cerca de dois minutos (1,3 quilómetros) e terá chegado à Casa Moinho da Mouta.
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