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Piscina infinita e camas que parecem barris de vinho. É assim o novo hotel do Douro

A Quinta São José do Barrilário, que abriu em agosto, assume-se como uma “janela de cinco estrelas” aberta para o rio.
A piscina infinita.

Escondida no meio das colinas e vinhas do Vale do Douro, em Armamar, encontra-se uma quinta cuja história começou a ser escrita oficialmente em 1747 e que ganhou o nome de São José do Barrilário graças a uma lenda. Diz a história que, em tempos, um colaborador da quinta caiu acidentalmente pelos socalcos ao lavar um dos barris e rolou até ao ribeiro.

Assustado, durante a descida não parou de gritar por São José, o santo padroeiro da capela. Nunca imaginou que o acidente pudesse dar origem ao nome da propriedade de 26 hectares, hoje conhecida como Quinta São José do Barrilário. A lenda nunca foi esquecida e será agora contada a todos os hóspedes do Douro Wine Hotel & Spa, que se apresenta como “uma janela de cinco estrelas aberta para o rio”.

A nova unidade de luxo do Grupo Terras & Terroir abriu em soft opening no início de agosto, e promete “uma experiência imersiva e exclusiva, que combina o charme histórico da região com um serviço de excelência”. O projeto englobou a recuperação da casa senhorial, convertida em palco privilegiado para a realização de eventos, e da famosa capela dedicada a São José, considerada um “tesouro histórico”, onde se destaca o retábulo neoclássico construído por Francisco Roiz e restaurado, em 1941, por Olivia Cardoso. Com este novo projeto a capela foi novamente restaurada, mantendo a traça original, assim como o altar, o confessionário e a tribuna.

“Acreditamos que o Douro ainda tem muito para crescer, que tem potencial para desenvolver a sua proposta de valor. Pretendemos contribuir para essa evolução com uma oferta de qualidade superior, dentro do segmento de luxo, apostando num hotel de cinco estrelas, que tem uma vista fantástica sobre o rio Douro, e na revitalização das estruturas já existentes na quinta, cumprindo a nossa missão de valorizar o património de Portugal”, diz o grupo detido pelos empresários Maria do Céu Gonçalves, Álvaro Lopes e Paulo Pereira.

A revitalização dos espaços existentes e a edificação do hotel têm a assinatura do arquiteto Henrique Gouveia Pinto, que teve o cuidado de “preservar a autenticidade histórica” ao mesmo tempo que modernizava e ampliava o espaço. A casa senhorial, por exemplo, foi alvo de uma remodelação integral, mantendo-se a estrutura de pedra de cantaria de base e preservando os elementos tradicionais. Os bancos namoradeiros, que fazem parte da identidade histórica da propriedade, são um deles, mas também foram adicionados novos elementos, como uma varanda em ferro e madeira. A cobertura, por sua vez, foi reconstruída com telha cerâmica, respeitando as tradições arquitetónicas da região.

A casa dos caseiros e anexos, que não faziam parte da estrutura original, foram demolidos para dar origem a um novo edifício de três pisos integrado harmoniosamente na paisagem. As áreas exteriores também sofreram reformulações necessárias, tais como o aumento da área destinada ao estacionamento.

 
 
 
 
 
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Já no que diz respeito aos materiais usados, destacam-se o granito, usado nas fachadas e estrutura do edifício, e a madeira, aplicada em detalhes como varandas e arcadas. O ferro foi utilizado para reforçar a estrutura existente, a telha cerâmica aba-canudo para manter a estética tradicional na cobertura, enquanto o vidro permitiu maximizar a entrada de luz natural através das grandes janelas e superfícies envidraçadas. “O vidro permite uma fusão perfeita entre o interior e o exterior, ampliando a sensação de espaço e conexão com a natureza”, explicam.

Os têxteis naturais, como o linho e o algodão, foram utilizados nos interiores para “garantir o conforto e uma ligação ao ambiente natural”. Todos estes materiais, cuidadosamente selecionados, “refletem a autenticidade, a tradição e a profunda ligação com a região do Douro”.

Toda a unidade hoteleira foi inspirada nos barris de vinho — os tais que levaram à queda do colaborador —, a começar pelas camas, onde são recriadas as formas destes recipientes cilíndricos usado para colocar líquidos. Também os candeeiros do restaurante evocam este tema e representam as aduelas dos barris. 

O projeto respeitou ainda a ligação da quinta à Ordem dos Jesuítas. Fundada em 1534 por Santo Inácio de Loyola, esta ordem era conhecida não só pelo trabalho missionário e educativo, mas também pelo impacto na agricultura. Os jesuítas trouxeram à Quinta São José do Barrilário métodos agrícolas inovadores que transformaram a produção de vinho na região — e é por isso que também fazem parte do logótipo do empreendimento.

Inspirado na iconografia da Companhia de Jesus, também conhecida como Ordem dos Jesuítas, o logótipo exibe três pregos estilizados que representam os que foram usados na crucificação de Cristo, tal como a imagem que se encontra na capela. O grupo hoteleiro decidiu preservá-la como “tributo à história e fé que moldaram a identidade da quinta”.

Situado a poucos quilómetros do troço da estrada N222 entre a Régua e o Pinhão, a unidade hoteleira conta com 31 unidades de alojamento, dos quais 27 quartos e quatro suites, com áreas entre os 28 e os 50 metros quadrados, todos com vista para as vinhas. O rooftop, com piscina infinita com vista sobre o vale e o rio, é um dos ex-libris do hotel de cinco estrelas. É também nesta zona que se encontra o bar da piscina, onde são servidas refeições ligeiras e cocktails.

Para refeições mais completas, o local de eleição é o Restaurante panorâmico, aberto ao almoço e jantar, tanto para hóspedes como para o público geral. Na carta, criada pelo chef Luís Guedes, privilegia-se a utilização de produtos locais e biológicos que chegam diretamente da horta para a mesa. É “uma cozinha de conforto, confecionada com amor e respeito pelo produto, aliada a técnicas modernas”.

A unidade hoteleira dispõe ainda do Terroir Vineyard Spa, equipado com duas salas de tratamento, sauna, banho turco, duches sensoriais e um circuito de águas. A loja de vinhos e o espaço para eventos são outras das áreas do hotel.

Os hóspedes do Douro Wine Hotel & Spa têm ainda à disposição uma série de experiências, como visitas à quinta, piqueniques, provas de vinhos com a marca São José do Barrilário, aulas de cozinha, workshops de cocktails, caminhadas pelas vinhas, passeios de bicicleta elétrica, stand up paddle, canoagem e passeios de barco.

Os preços da estadia começam nos 263€ por noite e as reservas podem ser feitas online.

Carregue na galeria para conhecer melhor o novo cinco estrelas do Douro. 

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