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SEA LIFE Porto acolhe “projeto inovador” de conservação de espécies autóctones

O novo charco e as espécies que nele habitam podem ser visitadas por miúdos e adultos no exterior do espaço, no horário habitual.
O novo charco do aquário portuense.

O peixe-palhaço, dragão-marinho, tubarão-de-pontas-negras, os cavalos marinhos, a tartaruga gigante Mariza ou a família de Pinguins-de-Humboldt são algumas das espécies mais famosas que pode encontrar nos 33 aquários que compõem o SEA LIFE Porto. Além das visitas guiadas, palestras e alimentações gratuitas diárias, o compromisso do maior oceanário do norte do País pela preservação e conservação de espécies e habitats marinhos vai mais além.

Já foi considerado o primeiro espaço em Portugal com uma pegada de carbono positiva, o que promove eventualmente a preservação das centenas de diferentes espécies marinhas e de água doce que nele habitam e o seu espaço. Contudo, desde 30 de abril, este compromisso subiu para outro patamar, com a criação de uma iniciativa que quer promover a preservação da biodiversidade local.

O oceanário portuense juntou-se ao Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), ao projeto MoRePorto e com o apoio da Fundação Belmiro de Azevedo para a criação, observação e conservação de uma pequena massa de água na área exterior do centro para “restaurar o equilíbrio ecológico local, proteger a biodiversidade e contribuir para um conhecimento mais alargado sobre a importância do seu contributo para o equilíbrio do ambiente e do clima”.

Segundo o SEA LIFE Porto, trata-se de uma “iniciativa pioneira” que vai ensinar miúdos e adultos sobre a importância de preservarmos estes habitats. “É essencial mudar a perceção pública sobre o valor das pequenas massas de água. Ao restaurarmos estes habitats, estamos a contribuir não só para a sobrevivência de espécies ameaçadas, mas também para a resiliência das nossas comunidades face às alterações climáticas”, começa por explicar à New in Porto, Rui Ferreira, diretor do aquário.

O que são as massas pequenas de água?

Apesar de ocupar menos de um por cento da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam cerca de seis por cento de todas as espécies animais do planeta. No entanto, nos últimos anos têm vindo a enfrentar uma ameaça crescente devido às alterações climáticas e, claro, à ação humana. A agricultura excessiva, a extração de água ou a urbanização descontrolada são alguns dos factores que colocam, atualmente, 30 por cento das espécies destes habitats em risco de extinção.

Face a este cenário, as pequenas massas de água, como charcos, tanques e lagos, ganham uma importância redobrada. São discretas, mas digamos, indispensáveis, visto que atuam como refúgios de biodiversidade de água doce bem como reservatórios naturais de água que ajudam a absorver o carbono e regular o ciclo da água, diminuindo os efeitos das secas e cheias. Estima-se que só na Europa, 70 por cento das espécies aquáticas dependam diretamente destas áreas para sobreviver.

“A conservação destes ecossistemas é hoje reconhecida como uma prioridade global, numa altura em que a crescente pressão urbanística, a poluição e a proliferação de espécies invasoras têm levado à sua acelerada degradação. Promover e proteger as pequenas massas de água assume-se vital não apenas pela sua importância ecológica, mas também pelos benefícios que oferecem à saúde pública, educação ambiental e atividades recreativas”, reforça o responsável do oceanário.

Por sua vez, Elsa Froufe, investigadora principal do Grupo de Ecologia e Evolução Aquática do CIIMAR, defende que a criação de novos charcos possibilita a formação de ecossistemas de água doce que preservam uma grande diversidade de espécies como libélulas, escaravelhos, alfaiates, rãs, sapos, salamandras, tritões. Também ajuda à preservação de plantas de água doce, também em vias de extinção, como os trevo-de-quatro-folhas e os nenúfares.

“Indiscutivelmente, a existência de charcos é essencial para promover a biodiversidade e assegurar a continuidade de muitas espécies que dependem de água doce”, finaliza.

Esta iniciativa no SEA LIFE Porto assume-se ainda como uma plataforma educativa para escolas, investigadores e visitantes, promovendo a sensibilização ambiental e o envolvimento da comunidade na proteção ativa dos ecossistemas de água doce. Para enriquecer a experiência, está disponível no local, informação acerca das espécies, e é expectável que ao longo do ano seja possível observar diversas espécies.

O novo charco e as espécies que o habitam podem ser visitados no exterior do oceanário de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas, e ao fim de semana entre as 10 e as 19 horas, com a última entrada a acontecer 45 minutos antes da hora do fecho.

O preço dos bilhetes vai dos 18,50€ aos 30,50€. Podem ser comprados online ou na bilheteira local.

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